Horário de aula, três meninas foram ao banheiro do colégio: tudo em nome do medo. A fissura pelo medo é alucinante, viciante e mesmo as crianças sabem disso. Crianças são, na verdade, criaturas mui, mas mui mórbidas...
Adentraram no banheiro, as três, com péssimas intenções. Trancaram a porta, abriram as torneiras e as tampas dos sanitários, acionaram três vezes as descargas e xingaram palavras que sequer conheciam a significância literal (achavam interessantes apenas pelo fato de serem proibidas). “Isso é o bastante” disse uma delas, “Agora é só esperar, creio!”, emendou sem poder conter-se.
Passou longos minutos, o silêncio mórbido da expectativa entre elas. Uma das garotas olhava atentamente para o teto, com um antigo e perpétuo buraco; outra tentava manter os olhinhos em varredura, temendo que fossem surpreendidas pelo monstro evocado; a última, a líder, tentava manter a calma e domar a própria excitação. Diversas vezes o silêncio era quebrado pelo gotejar da água nos velhos chuveiros... mas nada de inexplicável aconteceu.
* * *
A ‘líder’, impassível, chegou à casa indignada aquele dia. Contou à mãe convencionalmente cética o que acontecera e recebeu como resposta apenas: “o sobrenatural não existe, minha filha” e decidiu fazer de novo pra ter certeza...
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