sábado, 6 de setembro de 2008

Modus Operandi

(...)

O romance neste relacionamento é algo que quase não existe, pois falta sonho, relaxamento e descontração.

Deve se preservar contra o orgulho excessivo, se quiser que esta relação decole.

http://www.dpwinfo.com.br/astro/capricornio.htm

Mulheres.O que seriam essas criaturas misteriosas? Segundo ele, demônios inconfiáveis. Seu olhar intenso, sua boca seca clamavam por algo... mas o que isso teria a ver?Passou a mão esquerda pelo topo da cabeça sentindo a pele lisa por completo.O corpo exalava o que a mente pensava... a sensação era forte, sutil e sublime...O corpo pedia, chegava a doer.

Levantou da cama e se vestiu – sempre havia aquela vestimenta jogada“do ontem” irrecordável. Seu hálito ainda era alcoolico, sua pele pingava suor. Melhor tomar um banho e manter o controle. Fê-lo, mas, ainda assim, não parecia gente.

A vida é uma constante tríade, costumava pensar antes de desprezar a tudo. Uma dessas tríades é a teoria dos três efes: fresno, foda e fome* , e, absolutamente, ela sustentava algumas de suas convictas idéias.

***

O olhar era fixo no próprio olhar refletido. Espelho, fascinio, de fato. Cada piscada era um lampejo. Sentia-se incompleta... os seios rijos... ansiava por algo.

Era a vontade.Vontade?Ela sentia vontade de rir de seus raciocinios patéticos. Umideceu os lábios com a língua e, mais uma vez tocou e girou a esfera de metal entre o lábio inferior e o queixo.

Voltou ao quarto, de toalha, ouvia-se um death metal tenebroso e avassalador. Fitava o mundo sem percebê-lo, contudo. Hilário: a carne, a fraqueza e a mentira..aspectos que compõem a nós e o demais e que compreede o mundo conhecido e desconhecido.

O que viria a ser confiança?!

Cada passo era um alarde. Cada peça de roupa era um alarde, e, sair de casa, foi um total incêndio.

***

Os desconhecidos se encontraram após um longo tempo sem contato. Em um primeiro momento se fitaram com frieza. Em seguida já vieram os aspectos humanos. Comprimentos, sempre eles...mas a única coisa palatável, que ambos eram capazes de sentir, era dor, uma dor enlouquecedora.

O olhar dele era tentador, era um olhar que ela era capaz de desmistificar. Sim..aquilo, o que queria dizer. Brilhava e mirava certeiro, como dois raios. Ele sentia o calor dela, embora não estivessem assim, tão próximos.

Ela queria entendê-lo. Ele queria entendê-la.

Entraram no carro como dois estranhos, mas, a certa altura, quando entraram no apartamento, era como se conhececem de longa data, de forma tão íntima que dispensava palavras.

(A dor persistia em ambos, impassível, incurável, impossível de ser descrita.)

Foram para o quarto, um lugar escuro, imundo e que recordava a primeira vez. Um banheiro que era pura imundice e deterioração. Em pleno show usurfluiram de si mesmos, do auge tão precoce e unilateral perdurara a dívida, e ela seria paga...certamente seria.

Houveram as preliminares, claro, início da saciedade embalada por um death nervoso. O por vir seria fantástico e surrealesco.

Depois de um tempo, ele começaria a passar a ponta da língua bem de leve, do seu pescoço até a parte mais baixa das suas costas... fazendo isso o mais lentamente, possível, para que fosse sentindo cada parte do corpo mutuamente.Depois de um tempo, ele viria a mudar, para as pernas, beijando, e dando leves mordidas até chegar aos pés dela, primeiro em uma perna, logo após na outra;lhe pediria para se virar, massagearia seus pés... e começaria a subir, com a ponta da língua e pura com leveza, até chegar a virilha, porém não passando dessa parte, pois logo após viria a passar para seu o ventre. Logo voltaria a beijá-la, e deslizar a ponta da língua, subindo devagar até aos seus seios, e os sugar cada um, como se o tempo tivesse parado, sem pressa; subiria ao pescoço, e, por fim, lhe beijaria a boca com uma fome dilaceradora.

Entretanto, repetiu todo o processo duas vezes seguido, uma com a garota vendada outra com plena percepção do que era feito. O objetivo da venda era evidenciar a sutilezas do toque, ao passo que a ausência dela era a representação da vontade, bruta e lasciva. O olhar dele era uma espécie de raio cor-de-oliva, que expressava as suas intenções e refletiam as dela.

Seria mesmo o reflexo do que ela desejava?

Chupava-a toda, deliciado, enquanto contemplava o erigimento da montanha de prazer dela. O vulcão que entraria em erupção tão logo?!Olhava para ela como coisa, como um objeto, que uma vez possuído, estaria, enfim, possuído.

O olhar dela era misterioso, aqueles olhos escuros cintilavam um algo em código incompreensível. Quanto a ele, queria mais que saciá-la, queria subjugar sua alma... Seria possível?Perguntas não seriam feitas, os quebra-cabeças seriam ajustados de modo a imaginar as peças que faltam...

A vez dela. Sorriu, mordeu-lhe a orelha e a seccionou enquanto acariciava. Para ele era como se tivesse encontrado a morte, o frenesi era terrível, a pressão insustentável, tamanha fome. Em meio aos beijos ela mordeu a língua do amante, para, não muito depois, sentir a sua fúria. Esbofeteou-a, e, dessa forma, sentiu profundo prazer no ato. Ela sangrou, sentiu muita dor, mas sentiria mais. Gritou muito, mas ele ria.

Por fim, tentou esquivar sorrateiramente, mas, como garota, sabia previamente da supremacia do dominador.

Foi por isso que seus olhos se tornaram duas esferas opacas e exibiu suas presas. Era um monstro. Seus músculos passaram da leveza de uma pena ao peso de uma barra de aço. O objetivo era esfarelar aquela criatura torpe que a violentara covardemente.

Por sua vez, o homem imobilizou o corpo com base na influência da alma, querendo ou não, ela ainda não regressara por completo. Os segundos passavam como a diluição de vinho em água. Ela estava domada.

Mas quem disse que meninas não podem ser cruéis?

A garota aproveitou a proximidade e enterrou os caninos na aorta do seu possuidor-adversário. Sentia o prazer, do liquido jorrando para dentro de si, da vida de outrem de extinguindo sutilmente. A troca de memórias, flashes, pensamentos. Presente, passado e o que há de vir se mesclavam naturalmente. Fluía...

Este é o real prazer, o superior modus operandi.

Largou o corpo, penteou-se e tornou a se vestir. Já era tarde, a noite definhava, cedendo lugar aos aspectos da manhã. Observou o arrebol lindo por um instante, abandonou o corpo desmaiado e foi embora.

Lei da sobrevivência; Cada um por si. Sempre, sempre.

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Dor.veêmencia.mútuo.paralisia.Violência.Sangue.

*Teoria do Professor valadares que dá origem a um filme chamado “3 efes”.(Brasil, 2007,direção Carlos Gerbase)Esses tais efes são uma generalização das necessidades individuais da humanidade; são 3 tipos de fome.



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