domingo, 31 de agosto de 2008

TROMPE L’OEIL POST MORTEM: Delírios e pesadelos de alguém já morta

Acorda, levanta da cama e faz com que a luz do quarto se acenda. Sonolenta, caminha até o corredor e se depara com alguém à sua esquerda e berra com os olhos arregalados: “NAMORADO?!”

Desperta e nota que aquilo não tem nada de concreto e que está, na verdade, dentro de um ônibus de viagem interestadual. “Droga, o que há de errado comigo?”. Seu corpo febril pede por água, obrigando a dirigir-se ao final do corredor. Caminhou atenta para não sujar as meias, até que um deslize fez com que olhasse através da janela, avistando uma boiada que parecia envolver o veículo. Como se não bastasse, camundongos nojentos corriam pelo corredor, em reflexo incrível, embrenhando-se da mesma forma misteriosa que brotavam. Era absurdo demais!

Por que será que ninguém se movia? Não percebiam ou... negligenciavam tal fato?O que uma garota pode fazer quanto a isso?

De repente havia ninguém nos assentos; bateu explosivamente na porta do banheiro, abriu e estava vazia... correu até a cabine frontal, desviando dos ratos que agora beiravam os milhares. De repente corria através de um corredor escuro rumo a uma porta de redenção, talvez... para encontrar, no final, a cabine igualmente vazia.

NÃO!Ela não passa de um corpo esquálido, deveras repulsivo e rijo feito pedra!Um corpo com marcas de mãos, estatelado numa poça de fel diluída em sangue, num lugar qualquer...

* * *

...Uma ave acaba de adentrar a janela e bicar um dos olhos que contemplavam o teto, vidrados... vermes com aspecto de macarrão se disseminavam, intensificando seu domínio sobre a matéria, já podre e, como humanos, retirando e fazendo uso do ínfimo que resta a uma carcaça...



pintura de 1894 intitulada 'O Cadáver', exposta no museu Alemão da Higiene em Dresden
(Na reportagem não encontrei o nome do autor)

C’est finis!



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