segunda-feira, 2 de novembro de 2009

::Vampiragem::

Aaron estava encostado na lateral do carro distraído. Seus longos cabelos negros caiam por sobre o rosto perfeitamente, levado pelo vento. O conjunto fazia da cena quase que fotográfica. Carrie chegou do outro lado e o abraçou de repente. Ele retribuiu sorrindo; Enlaçou-a pela cintura percorrendo suas curvas por cima do couro de sua calça justa, com a voracidade impressa em cada milímetro do toque. Jogou a mulher dentro do veículo num misto de palor e violência irrestrita. Oh, como era adorável, apesar de dolorido! A moça caiu quase de costas, seu cabelo encobrindo o rosto juvenil. Aaron entrou no carro e, estando sobre ela, puxou mechas do cabelo para trazer a face para si, para dominar aquela jovem vampira, mais uma vez. Beijos quentes, uma circular sincronia entre as línguas, a mão que invadia suas calças. O cheiro típico do pecado. O revirar dos olhos típico da ânsia atroz. Então veio o revide, o cravar de unhas nas costas dele, por debaixo da velha regata de algodão, até o sangue escorrer...

O toque maciço das mãos dele despia sua roupa com delicadeza e emergência tais que, quando se deu conta, a moça já estava nua em pêlo pronta para liberar toda a carga massiva. Ele a chupou tanto e tão intercaladamente com o bruto inserir de dedos na vagina da imortal que o pedido silencioso pelo arrombamento era quase que uma súplica. O ritmo se tornava cada vez mais incandescente, de modo que ela era puro delírio, pura vontade, lascívia, tesão desmedida...

Ele sorriu ao ver aquela expressão no rosto de olhos cerrados, e era como se sua paixão fosse contagiante, ele sentia seu membro inflando, enrijecendo por dentro de sua cueca, sentia a virilidade crescer como uma ampla chama, espécie de aura completa. Carrie abriu o zíper da calça dele tremeluzente, pronta para tomar em suas mãos aquele martelo arfante, quando sentiu suas mãos serem lubrificadas. A ânsia era desesperadora, tanto que ele tratou de adentrá-la, com aquela estupidez habitual, o ritmo do entrar e sair, gradativamente mais veloz, mais incontrolável, mais insuportável, as cavalgadas fundas, que a faziam revirar os olhos, e o levavam a se contorcer desesperado.

Em tamanha comunhão de frenesis a bestialidade aflorou; ele deteve, por um instante, a movimentação acelerada, muito embora ainda se mantivesse dentro dela. Aproximando seus lábios daquele seio tão belo em sua singeleza abocanhou-o com toda a certeza de tratar-se de propriedade sua. Mordeu com afinco e sugou, sugou e sugou ao seu bel prazer e lambeu os resquícios, afinal não seria justo desperdiçar uma gota sequer daquele mágico fluido. Ele teve espasmos de prazer, enquanto ela, em similar volúpia sentia o arrepio formigante a percorrer-lhe a espinha, da nuca ao cóccix tudo culminando em um choque. Imobilidade em face do desespero, da fome, até que cravou suas presas no antebraço dele, que a bofeteou sem piedade:

-Sua vadia! Toma isso!

Com a raiva brilhando nos olhos ele a penetrava como que perfurando, enlouquecendo a ambos, ludibriando a tenra moral, dissolvida em cada seqüência ascendente de encontro de quadris. Ele arfava como um animal e, quando se deu o ápice dela, que não gritou, mas que, por puro impulso, novamente enterrou as unhas nele enquanto jogava o corpo para trás. Ele por sua vez, fumegava, tanto tanto que seu gozo foi uma explosão adimensional dentro daquele cálido receptáculo transbordante. Carrie vibrou dos pés a cabeça até perder as forças por completo, enquanto Aaron caiu por sobre ela, a abraçando. ..

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ossos do ofício

Sorri de forma dissimulada e logo traguei aquela fumaça terrível vinda do meu cigarro. O pior já havia passado: encontrei o desgraçado que deveria morrer e ganharia alguns trocados por isso. Meus carniçais se divertiam com aquilo que era para eles comida. Eu deveria mesmo ter um desprezível estômago de urubu para contemplar àquela cena aterrorizante com um sorriso na cara... Mas é que a cena me atraía como uma obra conceitual, aquela animosidade que beirava a paixão dos três que devoravam a carne daquela forma, usando apenas as mãos e os dentes. Tamanha beleza vi naquilo que resolvi fazer da minha própria tarefa uma sublime forma de viver: retalhar os diabos depois da morte e compreender seu funcionamento...o poder e beleza da sua forma,e assistir a efemeridade de tudo isso. Alimento-me do sangue, recebo por extirpar almas e tenho o prazer indescritível de saber que esses ossos e do ofício são para sempre.